sábado, 12 de novembro de 2011

Desenvolvimento? - por Carlos Alberto Rabaça

FONTE: Jornal o DIA - odiaonline - 12/11/2011


RIO - O Brasil avançou uma posição, em relação a 2010, no ranking do ‘Índice de Desenvolvimento Humano’. É o 84º entre 187 países. O avanço lento resulta da falta de investimento na educação e saúde. Os valores variáveis, medidos pelo indicador da ONU, são a expectativa de vida, anos médios de estudo e renda nacional bruta.

Enquanto a renda nacional
per capita teve crescimento de 32 %, de 2000 a 2011, na educação os anos médios de estudo dos cidadãos, acima de 25 anos, teve um crescimento de 28,6 %, no mesmo período. A expectativa de vida escolar caiu de 14,5 para 13,8 anos. Na saúde, a possibilidade de vida ao nascer passou de 70,1, em 2000, para 73,5, em 2011. O progresso na educação e na saúde foram menores do que os avanços na renda, razão de uma desigualdade social que nosso país não consegue superar.

Alunos não têm as ferramentas básicas para prosseguirem nos estudos. Falhas na alfabetização são gritantes. Mais de 40 % dos alfabetizados não sabem ler e escrever. Boa parte sai da escola antes de terminar o Ensino Fundamental. Desperdiçamos a força jovem sem ver o custo econômico, sem permitir terem renda e que sejam trabalhadores capacitados.


Não temos o que comemorar. Os contrastes no país são assustadores. As elites econômica e política urbanizaram-se, mas não se civilizaram. Apesar do exercício democrático, muitos brasileiros estão longe de uma vida digna. Nossa República e cidadania deixam a desejar. Os dirigentes se esquecem que desenvolvimento não é um processo somente econômico, mas um processo econômico-cultural que só será alcançado quando a educação deixar de estar à retaguarda do crescimento. Urge a criação de uma cultura que não seja o privilégio de alguns, mas a possibilidade de gerar justiça e igualdade.
 
Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

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