quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Paro, Penso, Reflito - por Neto dos Reis

Nessa vida eu incrivelmente já pensei bastante. Vou partir pra prática, não consigo, sou tímido, feio, chato e sem graça. Vê como é dramático pensar, pensar, refletir e viver. Tanta gente que vive e nem se dá conta disso, outros não vivem e acham que vivem, logo vivem, e eu que acho que não vivo e talvez viva. Não, não vivo.

Sou tímido, é difícil viver, o mundo quer extrovertidos, e não introvertidos. As artes (introspecções) não são valorizadas, é triste, a vida não faz sentido, e nem deveria, mas parece ser preciso haver sentido pra tudo, por isso o tédio, a ausência de algo que faça sentido. Por que seguir uma rotina, se (teoricamente) eu poderia experimentar algo diferente a cada dia e talvez eu possa experimentar, basta perder a timidez, a feiúra, a chatice e começar a ter graça. Mas... pensar não leva a nada.

Eis o que é valorizado: seguir ordens e dedicar a vida a um objetivo que nem seu é.


Se alguém diz que tem um objetivo na vida, um sonho; está mentindo. A cada dia queremos algo novo, algo que não temos. Objetivos surgem a cada ano e sonhos a cada noite

Eu não levo nada tão a sério e ao mesmo tempo levo. Não dou a mínima importância às coisas essenciais da "vida", presto atenção em tudo que é inútil, subjetivo. O mundo é insensível, eu não. O tempo não pára, eu sim.

Paro, penso e reflito.

Enquanto a vida corre, eu fico, quando os outros calam, eu grito por dentro, no papel, no violão, ao vento. Só enxergo a imensidão do mar, palavras, emoções. Já passei por torrentes, chuvas, furacões, tudo isso na minha pobre mente. Reações químicas fustigando sempre minha alma divina e meu cérebro cientificamente correto, como o mundo está se tornando e como eu deveria ser. Mas não, prefiro fumar, olhar o rio, escrever e ouvir música, me encantar com a beleza: das mulheres, da natureza e filosofar sem nenhuma obrigação e com alguma esperança ver o mundo com inocência, como vê uma criança.

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Isso é o que sou e o que penso.
Hoje.
Amanhã pode mudar.
Talvez já tenha mudado.
Eu que ainda não percebi.
Uma metamorfose ambulante
Tal qual Raul

domingo, 2 de janeiro de 2011

TÔ NA ESCOLA. Ninguém Merece...


“Poxa hoje tem aula...”; “Que saco ir pra Escola...”; “Falta Pouco para eu me livrar dessa chatice...”; “Eu confesso que odeio ir pra escola, os professores são muito chatos...”; “Escola não serve para nada...”; “Não aprendo nada de útil na escola...”; “Acordar cedo pra ir pra escola. Saco!”; “Melhor coisa que tem é perder o horário de ir pra escola!”...

Existem frases mais comuns entre estudantes do meu Brasil Varonil? Com certeza sim. Porém, já tenho um apanhado suficiente pra tecer uma breve consideração sobre o tema: A importância da escola. Ou melhor, qual a importância que a sociedade dá a escola e por conseqüência, do professor?

Podemos reparar que pelo nível dos comentários eu não preciso escrever mais nada. É tão límpida como a água. O que será que a escola tem de tão perverso que afasta os estudantes em sua maioria? Eu confesso que me pergunto freqüentemente, reflito e não chego a conclusão alguma.

Não vou mencionar aqui o discurso repetido e sempre atual de baixa valorização do profissional de educação, da estrutura da escola, do seu currículo cheio de assuntos questionáveis – ao menos para os jovens – da falta de atrativos, da geração rebelde sem causa que se criou desde os épicos tempos finais da moribunda ditadura, etc. O que me preocupa é ver chegar filões de novos adolescentes que simplesmente detestam aprender.

O que mais útil na vida, além de trabalhar, produzir e namorar resta ao ser humano? Na minha concepção: Aprender. É incrível como o estudante brasileiro não valoriza o aprendizado. Não todos. Mas, uma boa parcela, sim. Nossa questão aqui é cultural. Como reverter séculos de confinamento da mente e do domínio do senso comum que escola não serve de nada. O que vale são as amizades, indicações, o famoso “jeitinho brasileiro”. A própria escola não faz a política da MERITOCRACIA. Em minha visão, erro grave. Enquanto outras sociedades valorizam demais o aprendizado, a educação e a ciência - o conhecimento – no Brasil sequer conseguimos redigir textos com poucos erros de português. Um troco simples ou conta só é factível na calculadora. Muitos não sabem determinar um país ou cidade no mapa ou mesmo coteja discursar sobre quem foi Constantino, Friedrich Nietzsche, Rui Barbosa, M. Luther King; Nelson Mandela, etc. Livros então? (Risos). Deixa para outro post.

A crise na educação brasileira é séria e dramática. Antes de resolvermos os problemas das escolas, precisamos vencer o mais grave e difícil de ser vencido: Reverter a cultura do passar é o que interessa. Que aprender não serve para desgraça Nenhuma. Moldar uma nova mentalidade. E isso demanda tempo. E ensino. Mãos a obra.

Márcio Bezerra da Silva. Prof. de Geografia.